segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Clarice Lispector, homenagem

Apresentação feita. Decedi homenageá-la. Por suas palavras. Inflexíveis. Para mim. A maior escritora. Clarice Lispector.


"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."
É até difícil fazer um comentário. Não é por falta de entendimento. É por falta de palavras tão boas. Se tivesse que dizer alguma coisa. Diria. Seja assim como é. A pessoa por quem me apaixonei. Até pelos seus defeitos. Eles são você. Você é eles.

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."
Voar. Tirar os pés do chão. É disso que ela tanto fala. Em um pouco mais de dez palavras. Se tivesse que nomear. O nomearia de Amor.

"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que digo."
Falsas palavras. Fazem você acreditar. A pior mentira é contada para si mesmo. A mentira que torna-se verdade. Ao ser proferida. Basta acreditar. E será.

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de ser sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."
Chega de cheirar rosas. Chega de apalpar espumas. Chega de olhar panoramas. Chega de saborear doces. Chega de ouvir mentiras. Usemos o sexto sentido. Aquele que é imperceptível. Às narinas, às mãos, aos olhos, à língua, aos ouvidos. Talvez. Só talvez. O coração.

"E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar."
Infelizmente. Felizmente. Achei a oportunidade. Falar sobre respeito. Não precisa gostar de mim (nós). Olhar para mim (nós). Fingir que gosta de mim (nós). A única coisa que peço. E repeço. Não! Na verdade. Exijo! É respeito. Não foi fácil chegar até aqui. E não será fácil seguir em frente. Não piore as coisas. Não quer dar a mão. Não se torne uma pedra.

 "Não tenho tempo para mais nada, ser feliz me consome muito."
Ser feliz é cansativo. Chato. Desgastante. Quero ser infeliz. Porque assim. Quando for feliz. De verdade. Com alguém. Saberei o que é feliciade. Saberei dizer. Sim. De verdade. Quero ser feliz. Quando convier.

"Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calmo e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre."
Melhor descrição. Impossível. Sou assim de ponta à ponta. Com ou sem aspas. E assim sou. (In)feliz.

"Perder-se também é caminho."
É. Como é bom se perder. Melhor. Ser encontrado.


Não encaro o que fiz. Como interpretação. Como explicação. Não encare também. (Des)completei o que Clarice escreveu. Escrevi por cima. Sem medo de errar. Razurei. Com 'Z' mesmo. Clarice não se zangue. Encare como uma homenagem. Simples. Inútil. Verdadeira. Foi lendo. Relendo. Suas epopéias. Que me tornei uma pessoa. 'Mais melhor'. 'Mais pior'. Mas, uma pessoa.

(01:41) - Disse que iria dormir cedo, não consigo, tenho pesadelos.
"Você costumava me cativar com sua luz ressonante
Agora sou limitada pela vida que você deixou pra trás
Seu rosto assombra todos os meus sonhos que já foram agradáveis
Sua voz expulsou toda a sanidade que havia em mim [...]
E segurei a sua mão todos estes anos
Mas você ainda tem tudo de mim." - Tradução de Meu imortal (My immortal).
Intérprete: Evanescence.

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